quarta-feira, 3 de julho de 2013

Transeunte

Era ele que vinha de longe.
Levava no rosto marcas cansadas
E uma face trincada de frio e Sol
Vento e poeira...

Era ele, um transeunte de outro lugar.
Seus olhos não tinham forças nem pra verter
A última lágrima que sua saudade anunciava
Porque água, era o que menos tinha

Sua boca seca engolindo saliva velha
Era a triste lembrança de seu tempo
De seus arraias junto ao ribeirão
Seus pés traziam mil léguas

Com passos sem tréguas e dias sem descanso
Sua pele, cansada, abatida
Era na voz ressequida
a tristeza que ardia em fogo

Era um homem qualquer.
Que em suas mãos dobradas
Carregava os cortes do tempo
seco de onde passara

Seu corpo todo desvalido,
sedento
Não sabia nem mais o que era pensar
Quanto mais o que era sonhar

Não lhe havia na mente mais palhaços, poetas
Nem se quer aquele violeiro lá do seu sertão
Só lhe restava deitar na noite fria

E esperar a poeira lhe trançar um caixão.

(André Gandolfo) 
Jales-SP

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