Era ele que vinha de
longe.
Levava no rosto marcas
cansadas
E uma face trincada de
frio e Sol
Vento e poeira...
Era ele, um transeunte
de outro lugar.
Seus olhos não tinham
forças nem pra verter
A última lágrima que
sua saudade anunciava
Porque água, era o que
menos tinha
Sua boca seca engolindo
saliva velha
Era a triste lembrança
de seu tempo
De seus arraias junto
ao ribeirão
Seus pés traziam mil
léguas
Com passos sem tréguas
e dias sem descanso
Sua pele, cansada,
abatida
Era na voz ressequida
a tristeza que ardia em
fogo
Era um homem qualquer.
Que em suas mãos
dobradas
Carregava os cortes do
tempo
seco de onde passara
Seu corpo todo
desvalido,
sedento
Não sabia nem mais o
que era pensar
Quanto mais o que era
sonhar
Não lhe havia na mente
mais palhaços, poetas
Nem se quer aquele
violeiro lá do seu sertão
Só lhe restava deitar
na noite fria
E esperar a poeira lhe
trançar um caixão.
(André Gandolfo)
Jales-SP
Jales-SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário