quarta-feira, 3 de julho de 2013

Estrada de Terra

Olha o trem que já vêm!

E na curva que faz,
Vem correndo veloz.
Com a lenha a queimar,
A caldeira esquentou;
E o vento já traz,
A fuligem no ar,
Como estrela a brilhar

Deixe um, descem dois,
A charrete lá está,
Ela vai pela rua
Levantando a poeira
E o animal a trotar

Olha lá meu irmão!
A boiada na estrada;
E o jeito é esperar,
Até os boi passá.

Berranteiro vai já
Seu berrante tocar
É o som do repique

Que é pros boi amadrinhá
Veja só os tropeiros,
Tão cercando a boiada
E o sinueiro acompanhá

É a pegada no chão,
E a poeira no ar,
Que o asfalto apagou

E foi só o que restou:
A lembrança de um tempo,
Que tão breve passou.

O brilho da fuligem,
A espera da charrete,
O toque do berrante,
A poeira no ar,
E uma lágrima no olhar

Olha o trem que já vem.

(Catalina Cervantes)

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